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"Talvez Haja Vida e Uma Forma de Vida Inteligente no Kepler-452b", diz Diretor do Observatório do Vaticano


Faz mais de 380 anos que a Igreja Católica condenou Galileu Galilei por argumentar que a Terra não era o centro do universo. Com o passar dos séculos a Igreja Católica foi revendo a sua posição. Em 1992 o Papa João Paulo II pediu desculpas pelas convicções da Igreja Católica, que forçaram Galileu a se retratar em 1633. A atitude de João Paulo II deu início a um processo de revisão dessa condenação. O trabalho foi demorado e durou sete anos. E ao final, em 1999, a Igreja Católica decidiu absolvê-lo do que três séculos antes havia sido considerado uma heresia.


Faz mais de 380 anos que a Igreja Católica condenou Galileu Galilei por argumentar que a Terra não era o centro do universo. Com o passar dos séculos a Igreja Católica foi revendo a sua posição. Em 1992 o Papa João Paulo II pediu desculpas pelas convicções da Igreja Católica, que forçaram Galileu a se retratar em 1633. A atitude de João Paulo II deu início a um processo de revisão dessa condenação. O trabalho foi demorado e durou sete anos. E ao final, em 1999, a Igreja Católica decidiu absolvê-lo do que três séculos antes havia sido considerado uma heresia.

Atualmente parece que o Vaticano tem flexibilizado sua visão do lugar da humanidade no cosmos, e ainda acredita que pode haver vida alienígena inteligente no espaço.

Astrônomos do Observatório do Vaticano, que têm estudado os céus desde 1582, disseram que as descobertas do Kepler-452b (o planeta mais parecido com a Terra já confirmado fora do nosso sistema solar), bem como de outros planetas semelhantes ao nosso, têm reforçado suas convicções de que pode haver vida em outros planetas. Apesar disso, no entanto, eles disseram que mesmo que haja vida inteligente fora do nosso sistema solar, é improvável que tenha sido enviado um segundo Jesus Cristo para salvá-los.

O Observatório do Vaticano está sediado na Itália, em Castel Gandolfo, onde o Papa tem uma residência de verão. Mas também opera um telescópio no Observatório Internacional Mount Graham, da Universidade do Arizona, nos EUA.

O robusto programa de astronomia do Vaticano, coordenado por um jesuíta argentino chamado Padre José Gabriel Funes, faz parte desta busca por vida inteligente.

A AFP (Agence France-Presse), uma agência internacional de notícias, questionou ao Pe. Funes sobre o recente anúncio da NASA relacionado ao planeta Kepler-452b. Ele disse que foi "uma ótima notícia".

"Talvez haja vida e uma forma de vida inteligente por lá", disse Pe. Funes. Entretanto, ele também advertiu sobre a improbabilidade que a humanidade talvez nunca conheça essas civilizações alienígenas.
"Não acredito que chegaremos a conhecer um Sr. Spock", continuou.

Pe. Funes também disse a AFP sobre o que a descoberta de vida extraterrestre poderia significar para a compreensão global da Igreja em relação a aliança de Deus com os seres humanos.

"A descoberta de vida inteligente não significa que haja um outro Jesus. A encarnação do filho de Deus é um acontecimento único na história da humanidade em todo o universo", completou.
Pe. Funes vem dizendo há anos que não há conflito entre a possibilidade de vida alienígena, mesmo sendo vida inteligente, e os ensinamentos da Igreja Católica. Em 2008 ele deu uma série de declarações sobre este tema.
"Assim como existe uma multiplicidade de criaturas na Terra, pode haver outros seres, até mesmo inteligentes, criados por Deus. Isto não está em contraste com nossa fé, porque não podemos colocar limites à liberdade criativa de Deus", disse na época.


Ele também é devoto de São Francisco de Assis, e fez uso de sua fé em outra declaração na época: "Como diria São Francisco, se considerarmos algumas criaturas terrestres como 'irmão' e 'irmã', porque não poderíamos assim denominar um 'irmão extraterrestre'? Ele também pertenceria a criação".

Esta ideia teológica - que se Deus criou alienígenas em algum lugar lá fora, então o Vaticano não estaria em posição para dizer que Jesus não intercederia por eles - é bem consistente com comentários do próprio papa sobre a vida alienígena. No dia 12 maio de 2014 (ano passado), durante a homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco disse que se um ser alienígena viesse até ele, e pedisse para ser batizado, ele assim o faria.

"Se por exemplo, amanhã uma expedição de marcianos chegasse, e alguns deles viessem aqui, até nós... marcianos, certo? Verdes, com um nariz comprido e orelhas grandes, assim como as crianças os desenham... e um deles dissesse: 'Mas eu quero ser batizado!' O que aconteceria?", indagou Francisco.

"Quando o Senhor nos mostra o caminho, quem somos nós para dizer: 'Não, Senhor. Isso não é prudente! Não, vamos agir desta maneira'... Quem somos nós para fechar as portas?", continuou.

"Nos primórdios da Igreja, até mesmo hoje em dia, há o ministério do Ostiário. E o que fazia o Ostiário? Ele abria a porta, recebia o povo, permitia-lhes passar. Mas nunca foi o ministério de quem fecha a porta, nunca", completou.

Quando o Vaticano fala sobre isso, muitas vezes faz alusões ao batismo de gentios (basicamente qualquer pessoa que não fosse um judeu) no começo da Igreja cristã, que consistia em grande parte de judeus convertidos. Em Atos, Pedro diz: "Se Deus concedeu a eles o mesmo dom que deu a nós, que acreditamos no Senhor Jesus Cristo, quem seria eu para me opor à ação de Deus?".
Um astrônomo do Vaticano chamado "Guy Consolmagno" também disse em 2010, que os extraterrestres que procurarem pelo batismo devem recebê-lo da Igreja, porque "qualquer entidade, não importa quantos tentáculos tiver, tem uma alma".

Voltando sobre as recentes declarações do Pe. José Gabriel Funes, ele também publicou um artigo no jornal diário do Vaticano, chamado "L'Osservatore Romano", no dia 25 de julho deste ano. 

Logo no começo no artigo, Pe. Funes escreveu: "A descoberta do novo planeta Kepler-452b revive a ideia de que o contato e, porque não, o encontro com seres inteligentes extraterrestres de uma civilização alienígena poderia acontecer no futuro próximo. Pessoalmente, estou muito cético que este evento cósmico realmente irá acontecer".

"Nossa galáxia contém mais de cem bilhões de estrelas. Considerando o número de exoplanetas descobertos, parece que a grande maioria das estrelas em nossa galáxia, pelo menos potencialmente, pode ter planetas onde a vida pode se desenvolver. Apesar disso não termos certeza se o fenômeno da 'terra' é raro ou comum", escreveu em outro trecho do artigo.

Pe. Funes também tinha algumas coisas interessantes a dizer sobre onde os fiéis devem recorrer para uma compreensão da ciência por trás da busca por vida, em declarações dadas para a AFP.

"A Bíblia não é um livro científico. Se olharmos para as respostas científicas às nossas perguntas na Bíblia, estaremos cometendo um erro", disse.
Em vez disso, ele completou dizendo: "A Bíblia responde grandes questões, tais como: Qual é o nosso papel no Universo? E a busca de conhecimento científico sobre a vida fora da Terra também pode nos ajudar a entender sobre nós mesmos, para compreender o nosso potencial, mas também os nossos limites".
No ano passado, o Papa Francisco disse acreditar que a explicação científica do início do universo, a cerca de 13,8 bilhões anos atrás, através do "Big Bang" era bem precisa, mas era parte do plano de Deus. Ele também apoiou a idéia de que a vida evoluiu ao longo de milênios, através de leis naturais, e que isso não contradiz a ideia de um criador divino.


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