Curiosidade Sobre o Mundo
Bioluminescência Iluminando o Mar [C.S.M]
De vaga-lumes a bactérias, uma grande variedade de espécies desenvolveu a capacidade de reproduzir luz própria a partir de processos químicos. Os motivos para esse comportamento vão desde a defesa contra predadores até a necessidade de atrair pares para acasalamento.
Muitos mistérios ainda envolvem as funções da bioluminescência e as consequências relacionadas a ela. Na tentativa de tornar a questão menos obscura, Edith Widder, pesquisadora da Associação de Pesquisa e Conservação de Oceanos Fort Pierce, nos Estados Unidos, publicou esta semana um artigo na Science no qual revê os principais estudos e conclusões sobre esse fenômeno.
O foco das análises da pesquisadora foi nos animais marinhos, já que dos 700 gêneros bioluminescentes registrados, 80% são encontrados no oceano. Mas o processo básico que envolve a geração de luz é o mesmo em quase todos os animais. Trata-se de uma função exercida pela enzima luciferase, que, ao oxidar a proteína luciferina, emite fótons de luz.
Nos animais marinhos, por conta do ambiente em que vivem, a cor mais frequente na bioluminescência é o azul, seguida pelo verde, violeta, amarelo e laranja. Mas eles também emitem outros espectros de cor, muitas vezes imperceptíveis ao olho humano.
“A estimativa é de que as bactérias emitam até 103 fótons de luz por segundo”, garante Widder no estudo. “Já os animais maiores, como camarões e peixes, chegam a uma média de 1.012 fótons”, completa.
A defesa contra os predadores é a função mais comum desse comportamento. Alguns animais como crustáceos, medusas, lulas e peixes chegam a produzir partículas ou nuvens luminosas que servem para despistar ou cegar o predador. Outros animais ainda usam essa tática como camuflagem, no que a pesquisadora chama de 'contrailuminação'.
A bioluminescência serve também para conseguir alimento ou para achar um par – por meio da irradiação de raios de forma sincronizada entre macho e fêmea. As espécies marinhas bioluminescentes incluem o peixe-lanterna (Symbolophorus barnardi), cujos olhos são iluminados, o krill-do-norte (Meganyctiphanes norvegica), parecido com um camarão, ou o polvo-sugador-brilhante (Syrtensis stauroteuthis).
Edith Widder observa que ainda há certa dificuldade em detectar esses animais, uma vez que o processo exige técnicas muito específicas e recentes, como o uso de iluminação infravermelha e altas tecnologias de imagem.
Segundo ela, ainda faltam explicações para as funções e a origens desse comportamento. “É preciso que haja mais estudos, capazes de observar melhor a reação individual entre as espécies”, reflete a bióloga, em seu artigo.
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